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Vistoria em UBS reacende I contra gestão de Morando

Vereadores de São Bernardo colhem queixas sobre condições precárias e problemas de saúde devido ao uso de gerador a diesel

Bruno Coelho
14/06/2025 | 09:02
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FOTO: Divulgação


 Vereadores de São Bernardo voltaram a cogitar a abertura de uma I (Comissão Parlamentar de Inquérito) contra o ex-prefeito Orlando Morando (sem partido) após visita, ontem, à UBS (Unidade Básica de Saúde) Santa Terezinha. Entregue em 30 de dezembro, o equipamento funcionou por três meses à base de gerador a diesel, por falta de ligação elétrica junto à Enel. Segundo funcionários, pessoas aram mal por conta de poluentes e barulho gerados no local, além da perda de estoque de vacinas.

Oito parlamentares foram à unidade para dar continuidade aos trabalhos da Comissão Especial, responsável por investigar possíveis irregularidades nas obras entregues por Morando, hoje secretário municipal de Segurança Urbana de São Paulo. De acordo com a equipe de atendimento, uma denúncia ao Ministério do Trabalho foi realizada por conta das condições precárias no espaço. “Peguei atestado dez vezes pelo barulho muito alto, dava dor de cabeça, e por conta do cheiro”, relatou uma funcionária aos vereadores.

Com investimento de R$ 7.315.705,27 - sendo que R$ 5.825.889,63 foram pagos até dezembro -, a unidade teve a faixa cortada a menos de 48 horas de Morando ar as chaves do Paço ao prefeito Marcelo Lima (Podemos). Conforme testemunhas, a edificação, porém, ainda recebe trabalhos de acabamento, fiação, instalação de portas e outras estruturas, ados cinco meses após sua abertura, levantando a questão à comissão se a UBS estava fisicamente concluída para ser entregue à população.

“Trata-se de uma unidade entregue no afogadilho e que ainda está em obras, ao invés de proporcionar saúde, estava trazendo mal-estar e prejuízo à saúde das pessoas. Então, isso tudo é tão sério que só faz a gente pensar que essa é apenas uma entre tantas obras que iremos vistoriar. Talvez a possibilidade de uma I esteja iminente, pois não tem como fugir dessa possibilidade”, afirmou o líder de governo e presidente da Comissão Especial, Julinho Fuzari (Cidadania).

A diferença da Comissão Especial para uma I é que, no segundo grupo, os vereadores ganham poder de convocação de testemunhas e apontar responsabilização civil ou criminal de suspeitos. Entre os parlamentares há comentários de enquadramento por improbidade istrativa a Morando.

Vizinha da UBS Santa Terezinha e mãe de três filhos, a comerciante Michelli Picceli, 45 anos, relata transtornos com o uso contínuo do gerador, separado a apenas um muro de sua residência, gerando muito ruído das 9h às 19h, por três meses. “Havia muito barulho e fumaça, deixando um cheiro muito forte lá em cima. As janelas dos quartos ficavam fechadas. Era muito cheiro de diesel”, lembrou.

Os vereadores também vão preparar requerimento de informações à Secretaria de Saúde para apurar perdas de vacinas, devido à oscilação energética do gerador, o que fazia estoques se perderem por conta da falta de refrigeração. Para o Diário, a equipe que atua na UBS Santa Terezinha relatou também casos de desmaio, em decorrência dos poluentes emitidos pelo dispositivo. 

“Sabíamos que essa UBS foi entregue em dezembro sem condições adequadas de uso e com gerador. Mas em cima do que escutamos de funcionários e da vizinhança, a situação foi muito mais complicada. Houve funcionário que se afastou por não ter condição de trabalhar e até usuário precisou ir para outra UBS por não haver condição de ser atendido neste local”, disse o vereador e relator da comissão, Palhinha (Avante).

A UBS Santa Terezinha está incluída em uma lista de obras investigadas pela comissão. Também está no levantamento a terceira unidade do Restaurante Bom Prato, no Parque São Bernardo, que era para ser concluída em janeiro, mas segue sem previsão de entrega. 

Ao todo, documentos do governo municipal apontam R$ 55.170.704 referentes a contratos de equipamentos inacabados ou entregues sem Termo de Recebimento Provisório (formaliza a entrega do objeto de um contrato, mas a istração pública não realiza a avaliação final).

Procurado pelo Diário, Orlndo Morando não respondeu aos questionamentos sobre as denúncias de funcionários e moradores próximos à UBS Santa Terezinha. 

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