Cultura & Lazer Titulo Filme
Comédia alemã mostra assalto popular antes da queda do sistema

'O Grande Golpe do Leste', de Natja Brunckhorst, que estreia nesta quinta, 12, se baseia num caso real

12/06/2025 | 08:41
Compartilhar notícia
FOTO: Divulgação


O filme O Grande Golpe do Leste, de Natja Brunckhorst, que estreia nesta quinta, 12, se baseia num caso real. a-se em 1990, véspera da reunificação da Alemanha. A separação, derivada da derrota na 2.ª Guerra, de fato já havia caído no ano anterior, junto com o Muro de Berlim. Com o fim do muro, era preciso fazer a reunificação da moeda e da economia. Isso significava transformar o desvalorizado marco da Alemanha Oriental no forte Deutsch Mark da Alemanha Ocidental.

Havia um prazo para que os cidadãos da parte oriental fossem ao banco trocar seu dinheiro. O governo ou a estocar em um bunker secreto toda a dinheirama que recolhia e em breve viraria papel pintado. Só que alguns espertalhões descobriram o esconderijo e o saquearam. Afinal, aquelas cédulas teriam valor ainda por alguns dias. E o que fazer com elas senão usá-las a toque de caixa para comprar o máximo possível de mercadorias e em seguida revender o que pudessem?

O roubo só foi descoberto anos depois, quando autoridades monetárias da Alemanha descobriram em suas estatísticas uma grande anomalia na circulação de dinheiro naqueles dias agitados de pré-unificação.

Conhecida por viver a protagonista de Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída, em 1981, a diretora revê o caso real de O Grande Golpe do Leste sob forma de uma comédia em tons humanistas. A decisão parece acertada, fazendo lembrar um filme que deixou sua marca como Adeus, Lenin (2003), de Wolfgang Becker, um ensaio crítico-sentimental sobre a vida na comunista Alemanha Oriental.

O tal assalto ao depósito de dinheiro condenado é executado, não por uma gangue de profissionais, mas por moradores de um bairro operário, ameaçados de desemprego com a desativação da fábrica onde trabalham.

Ferro-velho

A indústria usa maquinário obsoleto e foi perdendo eficiência na combalida economia oriental. Parece um monte de ferro-velho inútil com máquinas da época da Revolução Industrial.

Súbita e temporariamente enriquecidos com os velhos marcos alemães, os ostmarks, que chegam a eles em volumosos sacos, os moradores precisam decidir o que fazer. Se resolvem seus problemas financeiros de forma individual ou, talvez, tentam a solução coletiva de comprar a fábrica, modernizá-la e istrá-la em conjunto.

O dilema entre o individualismo capitalista e a solidariedade socialista se coloca no centro dessa comédia levemente divertida e que conta com um elenco ótimo. Nele, se destaca a ótima Sandra Hüller, que conhecemos por seu trabalho no francês Anatomia de uma Queda. A personagem de Hüller, Maren, é uma mãe de família dedicada e pivô de um trisal problemático, o que conduz a história também aos trilhos da crítica de costumes, indo além da discussão econômica e política.

O conjunto mostra-se bem divertido, em especial porque critica sem debochar de sonhos e utopias, que podem não se realizar na íntegra, mas fazem as pessoas caminhar e viver melhor. Rimos com elas, não delas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;